Acidente no porto da Anglo: tragédia completa um ano e inquérito continua sem conclusão

A polícia Civil instaurou inquérito para apurar o que teria causado a tragédia. O delegado responsável pelo caso, José Neto, já ouviu pelo menos 10 pessoas, entre funcionários e a gerência da empresa Anglo. O inquérito já alcançou mais de mil laudas. Nesta sexta-feira (28/03), a tragédia completa um ano, e não há nem previsão do inquérito ser concluído. Além das investigações policiais, várias hipóteses das causas do acidente foram levantadas. 

Na última entrevista com representantes da mineradora, foram apresentados subsídios da possível causa. O laudo, baseado em estudos feitos por especialistas, contratados pela Anglo Ferrous, apontou que o desmoronamento ocorreu por causa da existência de “argila rara” e sensível, no caís. O documento apontou ainda, que a tragédia não poderia ser evitada. Mas segundo o delegado, o laudo pericial feito pela Polícia Técnico Cientifica do Amapá disse o contrário e apontou negligência, por parte da Mineradora. ”Um novo laudo foi solicitado a POLITEC, para uma contraprova” informou o delegado. 

O vereador de Santana, Zé Roberto do PT, apresentou na Câmara Municipal, um requerimento pedindo abertura de uma CPI para apurar as possíveis causas e responsáveis da tragédia, mas a mesa diretora não aceitou, porque apenas três vereadores votaram a favor. ”Por falta de quórum, o requerimento não foi aprovado” disse o vereador. 

Se o novo laudo apontar novamente que houve negligência por parte da empresa, o diretor na época da Anglo Ferrous José Luis Martins será indiciado por homicídio culposo, quando não há intenção de matar. 

Seis pessoas (funcionários e terceirizados) morreram na tragédia do porto da Anglo Ferrous, sendo que duas vítimas até hoje não foram encontradas. As vítimas foram: Pedro Coelho Ribeiro (Anglo), Benedito Cláudio Lopes dos Santos (Anglo), Manoel Moraes de A. Souza (Anglo), Josmar Oliveira Abreu (Juvic), Eglisson Nazário dos Santos (AIS) e Maicon Clay Carvalho (SGS). 

As buscas cessaram no final de novembro de 2013, o que causou ainda mais a revolta por parte das famílias dos outros trabalhadores que não puderam localizar seus entes queridos. "Não tivemos sequer o direito de enterrar aqueles que um dia foi importante para nós", lamentou Carlos Souza, irmão de um dos operários que nunca foram localizados pelas equipes de busca da mineradora.

Familiares das vítimas entraram num acordo com a empresa e cada uma recebeu uma quantia em dinheiro, que motivos de segurança não pode ser divulgada. 

Reportagem: Fernando Santos

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