Empresa do Governo tenta entrar "na marra" em Hospital de Santana

Durante toda a noite deste domingo (31/08), o movimento foi intenso nos corredores do Hospital Estadual de Santana. Tudo em virtude da entrada inesperada de funcionários de uma empresa terceirizada (“Primo José”), que presta serviços públicos (e até mesmo particulares) para o Governo do Amapá para tentarem fixar seus trabalhos junto àquela unidade de saúde. 

De acordo com informações de funcionários efetivos (que pediram anonimato), a situação se formou por volta das 18hs deste domingo, quando três funcionários da empresa “Primo José”, acompanhados de dois técnicos credenciados pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), entraram ilegalmente na cozinha do Hospital Estadual de Santana, alegando já terem autonomia administrativa para assumir os serviços de fornecimento de refeições para todo o Hospital, tanto para os pacientes ali internados, como para o quadro administrativo (médicos e enfermeiros que trabalham no regime plantonista). 

“Eles aproveitaram o dia de domingo, que não existe condições de se mover qualquer ação da justiça, para empurrarem essa empresa, que é diretamente ligada ao governador. Tudo isso numa atitude muito suspeita e covarde.”, comentou uma plantonista da área de enfermagem, que considerou a atitude um “desrespeito às leis”, por utilizarem de um horário impróprio para agirem silenciosamente. 

Nas informações apuradas, foram constatadas que os funcionários dessa nova empresa forçaram os trabalhadores da atual prestadora (que ainda se encontra no Hospital) a cederem todas as planilhas de distribuição de refeições do pronto-atendimento da unidade, oque não foi liberado por seus trabalhadores. 

“Tentei conversar com eles (da empresa “Primo José”) e falar que eles não tem autonomia para assumir os serviços por não terem qualquer determinação judicial, mas assim mesmo quiseram entrar na marra e ainda ficaram ameaçando moralmente os cozinheiros e copeiros dessa empresa (“Mecon Serviços”), nos retalhando com palavras de intimidação. Somos todos trabalhadores e pais de família, e merecemos respeito por aqui que fazemos”, reclamou Josino Ferreira, que trabalha na empresa que ainda tentou impedir a entrada dos funcionários da nova empresa, mas foi insultado moralmente na presença de diversos plantonistas e pacientes que encontravam-se no corredor do hospital, durante a ação. 

Diretor do Hospital Eliseu Almeida
Cumplicidade da Diretoria
Como não conseguiram assumir os trabalhos na cozinha do hospital, ainda nas primeiras horas desta segunda-feira (1°/09), a empresa “Primo José” montou provisoriamente uma cantina no auditório do hospital, para preparar e fornecer o café da manhã para os plantonistas e pacientes dessa unidade, numa ação que teve o consentimento e acompanhamento pessoal do diretor do hospital Elizeu Almeida. 

“Desde ontem à noite (domingo) que o próprio diretor vem acompanhando a entrada desse pessoal aqui na cozinha do hospital. Ele (diretor) não teve sequer a consideração de vim chamar algum responsável da nossa empresa para conversar e explicar o que estava acontecendo, simplesmente ficou agindo discretamente.”, notou um dos vigilantes que mantinha seus serviços na área interna do hospital, que ainda criticou o modo higiênico que estavam preparando o café da manhã: “Se existe uma cozinha no hospital, tem que ser nela feito o café da manhã, toda higiene necessária, e não num local inadequado como estão fazendo no auditório, que oferece nenhuma condição física. Sei que tudo isso é só pra tomarem posse de um serviço que não lhe compete em acordo.” 

A coordenação do blog SANTANA DO AMAPÁ tentou conversar pessoalmente com o diretor do hospital Elizeu Almeida para buscar esclarecimentos sobre o ato, mas o diretor não quis receber o blog. 

Decisão ainda sob Júdice
A situação sobre o fornecimento interno de refeições para o Hospital Estadual de Santana começou no final de junho, quando a empresa “Mecon Serviços” paralisou os trabalhos por denunciar a falta de compromisso por parte do Governo do Estado, que já estava há mais de seis meses sem repassar os valores para a empresa, dificultando no pagamento de seus funcionários e fornecedores, ficando somente a liberação de refeições para os pacientes internados em caso grave. 

O fato ficaria sob a decisão da justiça, que ainda tomaria um veredito essa semana, mas acabou sendo surpreendida com a atitude inesperada do Governo do Estado em instalar forçadamente os serviços dessa nova empresa. A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) deve se pronunciar sobre o fato ainda hoje.

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