Justiça tenta retirar famílias de área invadida em Santana

Quem passava ontem à tarde (02/03) pela Rodovia Salvador Diniz, nas proximidades do trecho que sai do município de Santana para o distrito do Igarapé da Fortaleza, observou o intenso movimento popular que ocorria nas imediações da rodovia, onde um mandado judicial estava sendo cumprido, por ordem da 1ª Vara Cível da Comarca de Santana. 

Segundo informações de populares que se aglomeravam no local, diziam que um suposto proprietário de uma área localizada ao lado da Vila Amazonas, na qual foi invadida no final de 2013 por mais de 400 famílias, havia recorrido judicialmente pela reintegração de posse dessa área. Porém, durante a ação de reintegração, foi preciso a presença de duas viaturas da Polícia Militar para conter possíveis reações das famílias que se encontravam no local. 

Famílias desabrigadas
A área em questão está localizada aos fundos do antigo setor Operário da Vila Amazonas (em Santana), abrangendo uma extensa área com mais de 50 hectares, onde recebeu seus primeiros invasores ainda no final de 2013, quando famílias de baixa renda social alegam não terem condições de manter um aluguel para morar. 

“Qualquer um que passava por aqui via essa área sem nada para aproveitarem, e como tem muita gente precisando de pelo menos um pedacinho de terra pra morar, nos reunimos num domingo e invadimos o local que, até onde sabíamos, não tinha qualquer dono”, contou o carpinteiro José Rodrigues (“Zeca”), conhecido no local da invasão como sendo um dos mais antigos moradores que participaram da posse ilegal há mais de um ano e meio. 

Inicialmente eram cerca de 200 famílias que invadiram o local, porém, com o passar do tempo, o numero foi aumentando descontroladamente. “Não haviam mais do que três ou quatro travessas que foram abertas pelas moradias, mas como muita gente comentava pela cidade o fato de acharem que o local não tinha qualquer proprietário ou pessoa que se dissesse dono da área, os espaços foram sendo fechados, tendo até barracos construídos quase na beira do rio Amazonas. Acreditou que deva existir mais de 600 famílias espalhadas por aqui”, explanou o autônomo Oziel Ferreira, que também ergueu uma moradia na mesma invasão que, em menos de seis meses de existência, já era conhecida como Monte das Oliveiras, denominação feita em virtude de haver até uma igreja evangélica no local, com o referido nome institucional. 

Especuladores
Para alguns moradores (principalmente os moradores os mais antigos e realmente necessitados), a tomada ilegal de alguns lotes na área não foi necessariamente de interesse daqueles menos favorecidos. 

“Quando a invasão foi criando força e se expandindo, já em meados do ano passado, percebemos logo que já haviam varias moradias construídas rapidamente em alvenaria, o que podemos levantar a certeza de que pessoas com condições financeiras mais conceituadas estão se aproveitando da necessidade de quem realmente precisa de uma terra para morar”, lamentou o professor Cláudio Tavares que reside na Rodovia Salvador Diniz e notou que diversas casas foram rapidamente modificadas (de madeira para alvenaria) e estão com placas de venda. 

“São situações desse tipo que fazem aas autoridades civis e até judiciais acharem que os invasores não precisam realmente de uma local digno para morarem, sabendo que invadem uma área somente para depois venderem”, explicou o professor. 

Perturbação Pública
Assim como muitos não querem perder o espaço que ainda podem ocupar, a retirada desses invasores já agrada outros que alegam estarem sendo constantemente prejudicados por situações causados por esses invasores. “Antes dessa invasão surgir, quase não chamávamos a polícia para vim até aqui na Vila Amazonas, mas todos os dias somos perturbados pela questão do som (poluição sonora) e pela constantes queixas de roubos e perturbações de barulho que são causados por esses invasores. Entendo que eles não tenham onde morar, mas isso é um problema que eles tem que reclamar com os governantes, e não invadindo o que não lhes pertence”, argumentou o aposentado João Raimundo de Souza, que reside na Vila Amazonas há mais de 40 anos e se sente prejudicado pelo fato. 

O aposentado ainda reclamou das constantes quedas de energia elétrica na Vila Amazonas, causada pela quantidade incalculável de ligações clandestinas realizadas por tais moradores da invasão. 

Após a ação de tentativa de retirada, ficou acertado para hoje (03/03), uma reunião entre representantes do Ministério Público do Estado e representantes de tais moradores para tratarem de uma alternativa sobre a questão.

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