Casas do IPASE em Santana já não seguem arquitetura original

Casas não manteram suas características originais
Quem reside há mais de 40 anos em Santana, com certeza sabe um pouco da história das casas que existem na Avenida Santana, entre as Ruas Ubaldo Figueira e Adálvaro Cavalcante, no denominado trecho pioneiro da antiga “Vila Maia”. 

Ao todo, são dez (10) casas que foram construídas há quase 50 anos (meio século atrás) para servirem de moradia para os funcionários do antigo Instituto de Previdência e Assistência aos Servidores do Estado (IPASE), uma entidade pública que prestava serviço previdenciário ao Governo Federal. 

Como as casas foram posteriormente repassadas aos seus residentes – em termo de título definitivo – a maioria acabou sofrendo grandes mudanças em sua estrutura arquitetônica original, deixando para trás um importante pedaço da história recente do município santanense. 

“Eram casas que foram construídas de maneira bem modestas, mas bem feitas, que chegavam a chamar a atenção de visitantes que vinham até a ICOMI para conhecer o porto de minérios”, conta a professora Maria de Lourdes Ferreira, de 62 anos, na qual já residiu com sua família numa das referidas casas na década de 1960. “Como não era qualquer pessoa que podia entrar na Vila Amazonas e conhecer aquele residencial, as pessoas achavam que essas casas (do IPASE) também pertenciam à ICOMI por serem tão bem levantadas”. 

Nota-se uma diferença individual na pintura externa
de cada residência do conjunto.
De acordo com as descrições feitas pela professora Lourdes, pode-se imaginar que essas casas eram mais que simples moradias de servidores públicos, e sim, uma referência local de “orgulho, conforto e mansidão social”, que muitas vezes chamou até mesmo a atenção de moradores da conceituada Vila Amazonas. 

“Eles gostavam de entrar e ver como eram as casas do IPASE por dentro, mas não deixavam que a gente fosse na casa deles lá na Vila Amazonas”, contou. 

Mas a marcante lembrança contada por Lourdes já não concilia visualmente com o atual quadro que essas casas se encontram. Uma mais diferente que a outra. Tanto no formato arquitetônico, como na pintura externa. Havendo até muros em algumas casas como forma de limitar a área de acesso. 

Alguns dos antigos imóveis foram murados e
outros até ampliaram seu espaço físico.
“Todos os vizinhos se conheciam. Havia um grande respeito com todo mundo. Vivíamos numa harmonia coletiva”, relembra a professora, que se mudou do dito residencial no início da década de 1980, quando seus pais já haviam falecido, e após se casar, foi morar na capital (Macapá). 

O blog visitou o trecho da Avenida Santana, onde estão situadas as casas do antigo IPASE, e constatou que até estabelecimentos laboratoriais passaram a funcionar no espaço que um dia serviu de moradia para funcionário público renomado, e que apenas uma dessas casas procurou manter a estrutura física original, sendo que nesse conjunto-residencial já moraram personalidades conhecidas do município como o padre italiano Fúlvio Giulliano (1939-2007) e o professor Redimilson Nobre (falecido em 2013). 

Uma das casas procurou manter alguns
traços da arquitetura original
Histórico do Residencial IPASE no Amapá Em meados de 1965, o Governo do Amapá e o IPASE firmaram um convênio que visava a construção de 60 casas no então Território Federal do Amapá para uso domiciliar de seus servidores, sendo que 50 moradias seriam construídas em Macapá e 10 na famosa Vila Maia (em Santana). 

As casas foram erguidas pela Construtora Fonseca Imobiliária Ltda e levaram cerca de 150 dias para serem concluídas, sendo entregues aos seus moradores somente no ano seguinte (1966). Na parte interna de cada casa, havia apenas três compartimentos (sala, um quarto e uma cozinha).

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